Como foi acordar e ter a certeza de que tudo o que você faz nas redes sociais está sendo monitorado? Isso está acontecendo com cada uma das pessoas que assistiu O Dilema das Redes.   

O documentário começa com a frase impactante do Sófocles: “nada tão grandioso entra na vida dos mortais sem uma maldição”. 

Sim, tem muita gente falando disso por aí, mas, como comunicadora e produtora de conteúdo exatamente para estas redes, que já nasceram com o plano de dominar sua mente, me sinto na obrigação de trazer o tema para debate.

Estamos lidando com “um mercado que negocia o futuro de humanos”, e a gente sabe que isso é real. Pessoas estão sendo condicionadas a viver conforme dita a Indústria da Tecnologia. E o problema é muito maior do que a influência dos mecanismos criados, trata-se de um movimento que vem moldando a forma de pensar e agir de toda uma sociedade.

O começo do movimento que tenta nos alertar

Tristan Harris, ex-designer técnico do Google e fundador da Center for Humane Technology, é um dos articuladores centrais do documentário, tanto que ele tem sido chamado de “a voz da consciência no Vale do Silício”. Foi ele quem começou com o movimento de tentar mostrar o verdadeiro interesse da indústria da tecnologia, até porque ele fez parte dessa estratégia como design do Google.  

A frase mais impactante e que mais me chamou a atenção no documentário vem dele: “Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”. Uma máxima que nos causa grande impacto, um esclarecimento tão óbvio, mas no qual eu jamais havia pensado.

“Você pensa que o Google é um mecanismo de busca e o Facebook existe para te mostrar o que seus amigos estão fazendo. Mas o que não percebe é que estão competindo pela sua atenção”, Tristan Harris. 

Pra quem ainda não viu O Dilema das Redes, que eu chamo de estratégia das redes, acho que o nome fica mais apropriado assim, não se preocupe, não vai ter spoiler, é só meu ponto de vista sobre o documentário que vem tirando o sono de muita gente. Na verdade, o sono já nos foi tirado quando entramos nas redes, esta é apenas uma análise pessoal.

Vamos a uma rápida sinopse

O documentário do cineasta americano Jeff Orlowski traz relatos de ex-funcionários e executivos das principais plataformas digitais como Google, Facebook, Instagram, Twitter, Pinterest, entre outras, para contar sobre suas próprias experiências no planejamento e na execução das bases dos algoritmos que seriam responsáveis pelo crescimento de usuários e pela expansão de cada uma delas, por meio de mecanismos predeterminados, responsáveis por viciar ou controlar o comportamento das pessoas (opa, dei não só um spoilerzinho, mas contei do que se trata o documentário inteiro). 

Isso é tão sério quanto chocante, por que qual será o próximo passo? Inserir chips nos cérebros humanos para controlar definitivamente nossa mente, tipo Matrix? E eu que achava que filmes de ficção como este estavam muito fora da nossa realidade. Hoje vejo que o futuro chegou e nem estamos no ano de 2199, ano em que se passa Matrix.

Os caras que pensaram lá na frente e trouxeram temas fictícios (e até então, muito distantes da realidade) para as telonas, como Steven Spielberg e George Lucas, entre outros grandes roteiristas, jamais poderiam imaginar que isso tudo iria transpor a ficção e se transformar em mundo real. Será que não mesmo?

Quais as semelhanças entre Matrix e O Dilema das Redes?

Antes de mais nada, gostaria de dizer que distopias sempre renderam boas histórias e, consequentemente, bons filmes, não é mesmo? 

A principal semelhança entre a obra fictícia Matrix e o documentário O Dilema das Redes é que as histórias são centradas em narrativas de universos opressivos, em que o indivíduo não tem liberdade nem controle sobre si mesmo. As duas obras mostram uma humanidade aprisionada, embora não tenham consciência disso.

Outra semelhança é que, com o avanço da tecnologia, a vida fica cada vez mais precária e, diferentemente do que mostra Matrix, no qual as pessoas são controladas por um chip inserido na mente, O Dilema das Redes mostra esse controle mental sem necessidade de chip, realizado por meio de mecanismos criados para manipular o pensamento humano e com consciência do é feito. 

 

O consumo raso da informação, um convite para comportamentos perigosos e ofensivos 

Fake news estão se tornando mais frequentes e ameaçadoras, capazes de eleger tiranos extremistas, por contar tantas inverdades, tantas vezes e com propagações tão ágeis, que rapidamente se tornam verdades.

E vejo que as partes mais atingidas são os mais vulneráveis, como crianças e jovens, e os mais velhos e idosos. Um território muito perigoso para as crianças e adolescentes, porque já nasceram nesse universo manipulado e só conhecem ele. Quem é o mais bonito e mais magro, quem tem o melhor celular, qual a cor do seu cabelo azul? E quem faz as melhores dancinhas no TikTok? 

Já os idosos e adultos de outras épocas em termos de tecnologia nunca tiveram tanto acesso a informação, o convite para o que já vem tão mastigado, o que os leva a crer que são verdades absolutas. Assim, acreditam em tudo o que é compartilhado e propagado mesmo sem nenhuma fonte confiável; aliás, nem sabem que as informações precisam de fontes. 

Dessa forma, aceitam e distribuem a informação sem nenhum discernimento, sem a capacidade de desconfiar de conteúdos rasos e completamente ofensivos.

Acredito que sejam pessoas que nunca foram de se informar mesmo, não adquiriram o hábito de ler e tentar se aprofundarem em alguma coisa. E assim, na cadeia de suas desinformações, acreditam estarem muito bem informados pelo whatsapp, e veem a oportunidade de terem conhecimento de forma fácil e rápida. 

Se você não tem estômago, não leia! Trago verdades e distopias incontestáveis, e não se trata de um filme de ficção científica, trata-se de um futuro presente, que controla questões sociais, polarizações políticas, extremismos e guerra verbal e virtual entre os grandes protagonistas dessa história, nós! 

Cacofonias, escândalos, extremismos, fake news, roubo de dados, polarização, e você olha ao redor e percebe que o mundo e as pessoas estão enlouquecendo. Recentemente, fui agredida verbalmente por uma pessoa muito próxima de mim, a qual devo respeito. Essa pessoa tem 82 anos, passou 6 meses vendo, lendo e ouvindo informações de fontes duvidosas, sem colocar o pé na rua e, quando saiu, veio me agredir por não concordar com ela sobre um assunto que passava no noticiário do jornal.

O perigo eminente e a influência nas eleições 

Não podemos voltar no tempo e mudar o que já é fato, mas, se não conseguirmos implodir as fontes já identificadas de fake news que circulam pelas redes, vamos eleger tiranos extremistas nas próximas eleições e para todo o sempre. 

Sabemos que o Brasil fez a mesma escola de fake news e usou os mesmos recursos dos estrategistas tecnológicos que elegeram Trump. E isso é muito, muito perigoso; se as redes já se beneficiam dos comportamentos sociais por meio dos mecanismos criados, imagine toda essa tecnologia sendo usada para o mal? 

O buraco é muito mais embaixo, e as eleições americanas estão logo ali. Quem vencerá? O desejo de uma nação controlada pela indústria da tecnologia? Ou o desejo de uma nação controlada pela tecnologia e ainda dominada pela rede do mal chamada de FAKE NEWS? 

Bem, o tema é complexo e o domínio de comportamento já está acontecendo. O chip do Matrix já foi inserido na nossa mente. Tanto que eu poderia ficar aqui contando casos e inúmeros exemplos, mas vou partir para algumas alternativas no sentido de conter o que resta da nossa individualidade e de como podemos reverter o caos instalado com um pouco mais de dignidade.

Quais as alternativas possíveis para escapar do domínio da tecnologia?

  1. Controle os acessos dos seus filhos nas redes sociais e, consequentemente, os conteúdos que eles consomem.

  2. Forneça informações e links confiáveis, de forma amigável, para os idosos e adultos que só se informam por apps ou redes sociais. Eu sei que não é uma tarefa fácil, mas precisamos achar um jeito de dialogar e, se não partir de nós, que somos mais instruídos, nunca sairemos desse buraco sem fundo.

  3. Tire todas as notificações e lembretes de novas mensagens, comentários, curtidas e demais interações que você recebe, porque habilitou um dia e nunca mais teve paz. Desse mal eu já me livrei, não recebo notificação de nenhuma rede social ou app há mais de um ano.

    E pode ter certeza, não receber notificações de interações em redes e apps é libertador, além de te ajudar a aproveitar melhor seu tempo, se concentrando no que realmente importa.

  4. Evite temas polêmicos, saiba que não vamos mudar ninguém, cada um acredita no que é certo para si. Existem haters de todos os tipos prontos para fazer o circo pegar fogo, basta você riscar um fósforo. Portanto, o melhor caminho é evitar mesmo os temas polêmicos.

  5. Bloqueie pessoas e até familiares inconvenientes, saia dos grupos que te estressam e que tiram sua paz, ninguém é obrigado a fazer parte de grupo algum. Por experiência própria, mesmo morando em estados diferentes, sair do grupo da família foi muito libertador. Prefiro encontrar familiares nos fins de semana ou no natal, e ter vontade de conversar com eles, a estar sempre chateada e triste com a forma como pensam ou agem com relação a essa guerra digital em que vivemos.

  6. Não apoie mensagens de ódio, mesmo sobre assuntos que te interessam e com os quais você concorda. A mensagem de ódio é muito suscetível a propagação, portanto, fuja delas em todos os sentidos. Você não precisa reafirmar o tempo inteiro suas convicções; na maioria das vezes, é mais sábio se calar e ignorar do que responder. Aprendi isso as duras penas.

  7. Desligue um pouco dos seus aparelhos eletrônicos, comece fazendo algumas pausas durante o dia e não vá pra cama com seu celular.

  8. Tente diminuir gradativamente o tempo que você passa no celular. Você deve saber que os próprios aparelhos medem quanto tempo você gasta por dia em cada rede social, não é mesmo? A princípio, você vai ficar chocado em saber que passa, por exemplo, 9 horas em redes sociais, como era o meu caso. Mas, com o tempo, é possível ir diminuindo, basta você querer e trabalhar para isso.

  9. Faça coisas agradáveis e que tragam bem-estar, leia um livro, assista a um bom filme ou uma série, pratique esportes, cozinhe de vez em quando, dê mais atenção para o seu bicho de estimação, converse com os amigos e com familiares, tome um drink para relaxar e faça viagens priorizando a experiência com o local e quem está com você, desligando das redes sociais. 

Bem, não sou a dona da verdade. Também tenho meus demônios, minhas incoerências e erro pra caramba com relação ao mundo digital, quem não? Mas, apesar de trabalhar com conteúdo para redes, o que me obriga a ficar mais conectada, estou tentando, há algum tempo, achar um equilíbrio para tudo isso. 

Vamos aproveitar que a discussão sobre o tema está calorosa para começar a tomar algumas atitudes, comece a fazer algo por você. E não, não venha dizer que está tudo bem pra você do jeito que está, em algum momento você ou alguém muito próximo poderá sofrer com as consequências dessa tecnologia dominante. 

Valorize conteúdos verdadeiros, honestos e vindos de pessoas que você quer bem. Quem sabe assim a gente volte a ter discernimento dos nossos atos e vontades próprias? Quem sabe a gente não viva num mundo mais harmonioso e com menos ódio? Quem sabe a gente possa ser mais feliz com o ser humano do que com a tecnologia?

Uma bjo e até o próximo artigo! 

Sobre a autora

Fundei a INBOX Conteúdo em 2017 para compartilhar conteúdos autênticos e verdadeiros na era digital. Sou especialista em marketing digital, consultora e escritora Ghostwriter.

Meu trabalho é te ajudar a criar sua reputação na rede e a ganhar autoridade na sua área, por meio de conteúdo estratégico e autêntico. Onde você está e aonde quer chegar? 

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